Estratégias Essenciais para Eficiência, Competitividade e Sustentabilidade
A economia de energia industrial, mais precisamente denominada Gestão Energética Industrial, transcende a simples redução do consumo. Ela se estabelece como um conjunto de processos técnicos, organizacionais e estratégicos implementados por uma empresa para planejar, medir, otimizar e controlar o uso da energia em todas as suas operações 1. O objetivo primordial dessa abordagem é alcançar um desempenho energético global superior, ou seja, produzir mais com menos insumo energético, mantendo ou até mesmo elevando os níveis de produtividade e qualidade.
No contexto brasileiro, a relevância desse tema é inegável. O setor industrial é um dos maiores consumidores de energia do país, sendo responsável por aproximadamente 40% do consumo energético total, conforme dados do Balanço Energético Nacional (BEN) do Ministério de Minas e Energia (MME) 2. Em certas áreas de atuação, o custo da energia pode representar até 40% do custo total do processo produtivo, o que sublinha a urgência de tratar a energia não como um gasto fixo e inevitável, mas como um recurso crítico que exige gestão rigorosa 2.
Os Pilares da Gestão Energética Industrial
A implementação bem-sucedida da economia de energia na indústria apoia-se em uma metodologia estruturada, que transforma o consumo energético em um processo mensurável e controlável.
| Pilar | Descrição | Ferramentas e Práticas |
| Diagnóstico e Medição | Compreender detalhadamente como a energia é distribuída e consumida na planta, identificando os equipamentos e processos mais intensivos e as fontes de ineficiência. | Medições de campo, sistemas de monitoramento, estabelecimento de uma linha de base energética. |
| Planejamento e Metas | Definir objetivos claros, realistas e alinhados à estratégia organizacional, traduzindo-os em programas de ação com responsáveis e prazos definidos. | Indicadores-Chave de Desempenho (KPIs) energéticos, metas de redução de consumo. |
| Implementação e Operação | Execução das ações planejadas, que podem variar desde ajustes operacionais de baixo custo até investimentos em novas tecnologias. | Ajustes de manutenção, renovação de equipamentos, implementação de sistemas de controle. |
| Monitoramento e Revisão | Acompanhamento contínuo e em tempo real do consumo para detectar desvios, validar a eficácia das ações e promover a melhoria contínua. | Sistemas SCADA, medidores inteligentes, plataformas digitais, auditorias internas e externas. |
A ISO 50001 é a norma internacional que fornece o arcabouço para a implementação de um Sistema de Gestão da Energia (SGEn), promovendo a institucionalização da gestão energética e resultando em reduções sustentadas, frequentemente superiores a 10% em curtos períodos 1.
Estratégias Práticas para a Economia de Energia
A gestão energética se materializa através de um conjunto de estratégias e medidas práticas que impactam diretamente o consumo e os custos operacionais.
1. Otimização do Fornecimento e Geração
Uma das estratégias de maior impacto financeiro é a otimização da fonte de energia. Indústrias classificadas como grandes consumidoras podem migrar para o Mercado Livre de Energia, permitindo a negociação direta do contrato de fornecimento, incluindo preço, volume e até mesmo a fonte de energia (como fontes renováveis) 2.
Outro caminho é o investimento em geração própria (autoconsumo), como a instalação de painéis solares fotovoltaicos. Essa medida reduz a dependência da rede de distribuição e diminui a tarifa de energia, contribuindo significativamente para a economia a longo prazo 2.
2. Eficiência Operacional e de Equipamentos
A maior parte do consumo energético industrial está ligada à operação de máquinas e sistemas. A eficiência nesses pontos é crucial:
•Manutenção Preventiva e Preditiva: A falta de manutenção em sistemas de ar comprimido, vapor ou refrigeração pode gerar perdas energéticas significativas, como vazamentos. A manutenção regular garante o desempenho ideal e evita o desperdício 2.
•Substituição de Equipamentos: A troca de máquinas antigas por modelos mais eficientes, como motores de alto rendimento ou equipamentos com selos de conservação energética, é um investimento que se paga com a economia gerada 2. A instalação de variadores de velocidade em motores é uma medida eficaz para adequar o consumo à carga real do processo.
•Isolamento Térmico: Em indústrias com processos de aquecimento ou refrigeração, o isolamento térmico adequado evita a perda de calor ou frio, reduzindo a necessidade de os sistemas de climatização operarem com esforço excessivo 2.
3. Uso Inteligente de Tecnologia
A automação industrial e o controle inteligente são ferramentas poderosas para a economia de energia. Sistemas de Internet das Coisas (IoT) e plataformas de monitoramento permitem gerenciar o consumo em tempo real, ligar/desligar equipamentos automaticamente e otimizar a operação com base em dados de produção 1.
A iluminação, que pode ser uma grande consumidora, também se beneficia da tecnologia. O investimento em iluminação eficiente (LED) e a implementação de um projeto luminotécnico que maximize o aproveitamento da luz natural, além de usar dimmers e sensores de presença, podem reduzir drasticamente o gasto energético nessa área 2.
Benefícios Além da Redução de Custos
Embora a redução de custos seja o benefício mais imediato e mensurável da economia de energia, a gestão energética industrial proporciona vantagens estratégicas que fortalecem a posição da empresa no mercado.
| Benefício | Impacto Estratégico |
| Competitividade | Redução dos custos operacionais, permitindo preços mais competitivos ou margens de lucro maiores. |
| Sustentabilidade (ESG) | Diminuição da pegada de carbono e do impacto ambiental, alinhando a empresa às práticas de ESG (Ambiental, Social e Governança) e às expectativas de clientes e investidores 2. |
| Produtividade e Qualidade | A otimização dos processos energéticos geralmente leva a uma produção mais consistente e precisa, melhorando a qualidade do produto e a vida útil dos equipamentos 1. |
| Acesso a Incentivos | Empresas com SGEn certificado (ISO 50001) podem ter acesso facilitado a incentivos fiscais, programas de financiamento e licitações públicas 1. |
Em suma, a economia de energia industrial é uma estratégia de gestão que integra eficiência técnica, planejamento financeiro e responsabilidade ambiental. Ao adotar uma abordagem sistemática e investir em tecnologias e práticas inteligentes, a indústria não apenas corta custos, mas se posiciona de forma mais robusta, competitiva e sustentável para o futuro.
Referências
[2] 13 dicas para economizar energia na indústria – Solfus. URL:
